Paris. Ah, Paris…As avenidas largas e arborizadas, assim como os charmosos parques e jardins espalhados pela cidade, estão no imaginário até de quem nunca foi até lá. Nem todo mundo sabe, mas a capital francesa de hoje seria muito diferente se não fosse pela chamada Reforma Urbana, um planejamento completo e ousado, que transformou a Cidade Luz em um verdadeiro canteiro de obras durante 20 anos. Patrocinada pelo sobrinho de Napoleão Bonaparte, a reforma se tornou modelo para o mundo todo. 

Destruir para construir

A Reforma Urbana de Paris, iniciada em 1853, demoliu bairros inteiros e os reconstruiu com rede de esgoto subterrânea, gás encanado e aquedutos para o fornecimento de água tratada. 

Isso sem falar nas amplas avenidas arborizadas e seus prédios com a fachada padronizada. Uma das mais célebres dessas vias atualmente é a Champs Élysées, conhecida pelas lojas de grife. Avenidas como essa e as outras 11 que nascem na rotatória Charles de Gaulle - Étoile, onde está o famoso Arco do Triunfo, tiveram ainda a função de facilitar manobras militares dentro da cidade em um tempo em que eram comuns barricadas e revoltas populares.

“No lugar das cento e vinte mil habitações destruídas por Haussmann surgiram outras 320 mil modernas, em 300 quilômetros de novas vias que foram sendo construídas nos vinte anos seguintes, cuja altura padrão não ultrapassava os seis andares”, escreveu o historiador Voltaire Schilling em artigo publicado no portal Terra. 

A mudança contemplou também a construção de grandes estações de trem, como Gare de Lyon e Gare du Nord, que favoreceram o trânsito de pessoas vindas de outras cidades.

A Paris de antes

Antes da transformação, Paris era uma cidade suja, com ruas estreitas, casas amontoadas e esgoto a céu aberto, o que, além do mau cheiro, favorecia a transmissão de doenças entre os habitantes, a exemplo da cólera, do tifo e do tétano. 

Mais do que tornar a cidade mais bonita, portanto, a também chamada “reforma de Haussmann” permitiu que a população se tornasse mais saudável e ofereceu novas opções de lazer aos moradores, com parques inspirados no Hyde Park, de Londres. 

Alguns bairros, como Marais e Montmartre, não foram alterados na reforma e conservam as hoje charmosas ruazinhas estreitas e longas escadarias, e se tornaram parada obrigatória para os turistas em busca de um café com mesas na calçada. 

O Barão de Haussmann

O responsável pelo replanejamento da cidade foi George-Eugène Haussmann, mais conhecido como o Barão de Haussmann, prefeito do então departamento do Sena. O imperador Napoleão III, sobrinho de Napoleão Bonaparte, tinha um desejo antigo de reformar a cidade e colocou Haussmann no cargo para fazer a transformação. 

Modelo de urbanismo para o mundo

Uma transformação tão radical de uma das maiores cidades da Europa não teria como agradar a todos. Os altos gastos públicos, a falta de moradias populares para as pessoas que foram desalojadas de suas casas e motivações políticas causaram insatisfação de grande parte da população na época.

Hoje, no entanto, a reforma é amplamente reconhecida e já foi usada como modelo mundo afora, inspirando transformações em cidades como Rio de Janeiro, Buenos Aires e Nova Iorque. 

Saiba mais

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