Grandes cases do urbanismo mundial: Barcelona
A Tamboré Urbanismo apresenta o Plano Cerdà, que expandiu a capital da Catalunha e a transformou em exemplo de urbanismo para o mundo.
12/05/2022 - 16h36min - Arquitetura e Urbanismo
No século 19, a hoje badalada Barcelona era, como muitas cidades da Europa, superpopulosa, com ruas estreitas, sem infraestrutura e com precárias condições de higiene, favorecendo a propagação de doenças. O início da sua transformação na cidade que conhecemos atualmente se deu com o Plano Cerdà, criado pelo engenheiro catalão considerado pioneiro do urbanismo.
O fim das muralhas
Em 1854 ocorreu um marco no desenvolvimento de Barcelona, com a autorização, pela coroa espanhola, da derrubada das muralhas que até então cercavam a cidade. A mudança abriu espaço para que se expandisse a capital catalã.
Aprovado em 1859, o Plano de Expansão (ensanche) de Barcelona para além dos limites traçados pelas muralhas ficou a cargo do engenheiro Ildefons Cerdà, conhecido como pioneiro do urbanismo, sobretudo por sua “Teoria Geral da Urbanização”, publicada em 1867.
O Plano Cerdà
Se dentro das muralhas Barcelona já não comportava a população que tinha, nos terrenos adjacentes, para onde a cidade se expandiu, praticamente não havia construções. Isso deu maior liberdade para que Cerdà criasse a cidade que hoje é reconhecida como exemplo de urbanismo sem, no entanto, destruir bairros existentes, como ocorreu na Reforma Urbana de Paris[1] .
A base do plano foi uma malha viária de ruas paralelas e perpendiculares atravessada por grandes avenidas diagonais. Dessa forma, foram desenhadas quadras octogonais, com os cantos chanfrados e sem construções no seu interior, que era destinado a espaços de uso público, como parques e praças. Esse “vazio” dentro das quadras garantia luz e ventilação a todos os apartamentos das edificações, que também tinham uma altura máxima permitida.
Cerdà previu ainda no seu plano locais públicos com praças, igrejas e outros espaços de uso comum, de forma que fossem acessíveis a todos os cidadãos.
Uma cidade homogênea
Uma importante característica do Plano Cerdà era seu senso de igualdade. O planejamento não previu, por exemplo, a concentração de prédios administrativos em um bairro, mantendo, dessa forma, todos os setores da cidade no mesmo nível de importância.
“O que Cerdà buscava com o Ensanche de 1859 era uma cidade homogênea, uma cidade moderna de direitos civis, sem hierarquias”, escreve a arquiteta e urbanista Zaida Muxi em artigo publicado na revista Arqtexto, do Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Embora Barcelona tenha passado por novas melhorias do ponto de vista urbanístico desde então — a exemplo da revitalização realizada para os Jogos Olímpicos de 1992 — a malha viária e a estrutura de quadras octogonais criadas por Cerdà são ainda hoje a essência do espaço urbano da cidade.
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